A gente só vê duas coisas nas pessoas ... O que queremos ver, e o que eles querem nos mostrar.
Não importa o quão próximas duas pessoas são, uma distância infinita as separa.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

A Gorda

O lance é que aquela gorda estava de minissaia, esse é que é o lance.

Uma gorda de minissaia.

E, vou dizer, ela era realmente gorda. Uma baleia, uma hipopótama, uma elefanta, uma monstra de gorda desse tamanhão, uma gorda que entalaria num barril, uma gorda que não podia usar botas, porque nenhum cano de bota entraria na batatona da perna dela, mas que gorda bem gordona, aquela gorda.

Só que ela estava de minissaia.

E tem outra: eu havia bebido um pouco. Talvez tivesse bebido muito. É, na verdade eu estava muito bêbado, eu mal conseguia me manter em pé e aí vi aquela gorda. Ou, melhor, vi as pernas da gorda. Eram boas pernas, juro que eram. Lisas e compridas e taludas. Ela estava mostrando aquelas pernas de gorda dela, aí me aproximei da gorda e pensei: vou pegar essa gorda hoje, vou mesmo, pouco me importa, eu quero é uma gorda bem gordona essa noite na minha cama, é isso que eu quero, eu quero me lambuzar nessa banha toda e quero fazer essa gorda uivar, sim, senhor.

Então cheguei na gorda. Sentei ao lado dela e balbuciei:

“E aiam, gatchinha…”

E a gordona revirou os olhos e olhou para cima e resmungou:

“Cai fora, seu magricela!”

E foi-se embora, rebolando aquele rabo gordo, me deixando ali sentado, todo mundo rindo de mim no bar, todo mundo apontando para o magro bebum que tinha sido rechaçado pela gorda de minissaia.

Cara, a gente não pode mesmo dar confiança para uma gorda.

Texto de David Coimbra.

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